Só a periferia pode salvar São Paulo do seu próprio caos

Gabriel Lopes de Paula
3 min readJan 11, 2019

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São Paulo. 12 milhões de habitantes. Maior cidade da América Latina. Um dos principais pólos econômico, cultural, gastronômico, acadêmico e sabe se lá o que mais, do Brasil. A cidade 24 por 7. A cidade que não dorme. E também não para.

Resultado: um verdadeiro caos. Trânsito, correria, pressa, atrasos, perrengues urbanos, etc. Uma infinidade de problemas que causam stress, ansiedade e mais uma caralhada de dores de cabeça em praticamente TODOS os habitantes da cidade. E isso porque eu nem mencionei o entorno da cidade, a famosa Grande São Paulo.

Embora pareça que essa cidade megalomaníaca seja 100% correria em toda sua extensão, existem espaços de paz, tranquilidade e clima de interior que nem algumas cidades do interior possuem. Mesmo que todo mundo olhe para o centro e sua expansão, o verdadeiro remédio para esse stress que é ser paulistano está nas margens. Nos extremos. Nas periferias.

Se você acha que o Parque Ibirapuera possui um mínimo de calmaria e natureza, é porque nunca viu aquele lugar abarrotado com a galera se esbarrando para fazer seu cooper ou correr atrás da criançada catarrenta para segurar a mão dela com medo de algum ciclista ou patinador atropelar o rebento. Sério, isso não é paz. É caos. É fingir que tem calmaria no meio do caos, mas só maquiado.

Sai um pouco da linha verde do metrô e cola ali no extremo norte para conhecer a Serra da Cantareira. E o Horto Florestal. Joga ai esses lugares no Google para você ver o que realmente é um espaço verde. Dentro de São Paulo, tá?

Ou ainda, tem o extremo leste. Sim, eu disse leste, e não lost igual muitos de vocês gostam de dizer. Cola ali no Parque do Carmo e no Sesc Itaquera para contemplar o que realmente é dar um rolê na natureza. E mesmo com estes lugares CHEIOS, porque acreditem ou não, pobre também gosta e frequenta lugares de lazer, tem espaço o suficiente para ninguém atrapalhar ninguém. Eu não vejo quiosques com famílias de 30 pessoas comemorando aniversário com um puta churrasco ali no Parque Ibirapuera, só isso já mostra que a ZL é bem mais foda.

Ah, o extremo oeste também é pesado, hein? Pico do Jaraguá. Só. Precisa nem falar mais nada, né? Dentro da cidade de São Paulo também, viu? Sei que é meio chocante saber que existem uns lugares bons na cidade fora da Avenida Paulista, mas extremos também é São Paulo, beleza?

Por último, o extremo sul. Extremo mesmo. Sei que provavelmente você ache que a zona sul vai só até Santo Amaro, pula um pouco até o bairro dos Racionais e é isto, mas não. O bang é enorme que só a porra. Depois de Santo Amaro ainda tem até uma região RURAL, com sítios, chácaras, produtores orgânicos, um bairro que é numa ilha, CACHOEIRAS E RIOS LIMPOS, etc. Pesquisa cachoeiras em Marsilac e em Parelheiros. Sim, dentro da fucking cidade de São Paulo. Num é interior não, é na maior cidade da América Latina. Aquela cidade que todo mundo pensa que vai só da brigadeiro até a consolação.

Eu sei que parece chocante ler que existe todo um universo CALMO, com NATUREZA e TRANQUILIDADE fora das praças revitalizadas da Vila Madalena ou de Perdizes, mas sim, a cidade de São Paulo vai muito além dos lugares que a gente fica dando ibope. E cara, para sobreviver ao caos que a gente enfrenta no trânsito, metrô e toda a correria que vivemos no dia-a-dia, ironicamente, só na periferia mesmo para poder ter paz nessa cidade.

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Gabriel Lopes de Paula

UX Researcher | Estrategista de Marca - Escrevo sobre reflexões e trabalhos da vida, do Design, da comunicação, da quebrada e de vários outros assuntos.